por Ariana Paiva

Ao lado do Teatro Municipal, um mini espetáculo com participação do público. Parei, dancei, cantei com eles e segui para a Praça da República, palco do rock, show do Tutti Frutti, banda que Rita Lee já foi integrante, agora a vocalista é Sol Ribeiro, que com sua voz super gostosa não deixa nada a desejar, eles eletrizaram a galera com seus solos de guitarra e todos cantamos “ovelha negra” juntos. No ápice do show, a produção fez sinal para encerrar, e o público gritava: MAIS UM! MAIS UM! Era visível que os integrantes da banda queriam continuar, pois a proposta era tocar o álbum “Fruto Proibido” na íntegra, mas eles foram “empurrados” pra fora do palco, então a vocalista voltou correndo, pegou o microfone e gritou: “ELES NÃO DEIXAM!” Foi simplesmente hilário!
Depois de Tutti Frutti, fui em direção ao Viaduto do Chá, vi artistas acrobatas no prédio da prefeitura, apresentações musicais e artistas autônomos dando um show à parte, a festa estava linda! Todos andando tranquilamente, sem a paranóia da loucura da megalópole, com um único objetivo: curtir, desfrutar, vivenciar e se divertir!
Continuei andando, cheguei à Praça do Patriarca para assistir o espetáculo “Le Chant des Sirénes” do grupo Mecanic Vivant, é inacreditável o que estes franceses conseguem fazer com simples sirenes.
Depois disso, pra mudar um pouco o ritmo, fui direto para a tenda eletrônica, mas já estava ficando impossível andar, a cidade estava lotando.
O cheiro forte da urina era insuportável, lembrei de uma frase do Zen Budismo: ”Haja sem apego e sem aversão”. Então vamos lá... direto pra Av. São João pra não perder o “Cordel do fogo encantado.” Entrei no meio do povão (que aliás, de ontem pra hoje multiplicou), mirei o palco e fui, mal consegui sair do lugar, andei uns dez metros, mas faltava ainda uns cem, a cada passo eu ficava mais espremida, me senti como laranja prestes a virar suco. Saí do meio da muvuca e fui pra um lugar de onde eu via o palco de muuuuiiito longe, mas pelo menos dava pra dançar. E o show foi demais!!! Enquanto o Cordel animava os “servos dos loucos de Deus,” vários artistas acrobatas, bailarinos, voavam em guindastes sobre nossas cabeças.
Ao meu lado estavam meus amigos e também andarilhos, crianças, artesãos, gringos, pombos, cachorros, todos na mesma sintonia, e nesse momento que pra mim foram minutos mágicos, senti uma energia incrível de comunhão e paz com todos os seres habitantes desse planeta! Imersa nessa energia boa, meus amigos e eu fomos até a Praça Alfredo Issa, curtir um sambinha de raiz pra não esquecer as origens.
Meio-dia, hora de sair correndo, voltar pra Av. São João, ver Zeca Baleiro. Isso mesmo, os espetáculos não atrasavam nem um minuto e por isso...aff afff haja fôlego! Agora eu quase não via mais o palco e o corpinho começava dar os primeiros sinais de cansaço, pausa para recarregar as baterias, fui convidada a ir a um dos lugares mais visitados de São Paulo, entre a Ipiranga e a Av. São João tomar o famoso chopp do Bar Brahma. Tocavam lá três músicos da velha guarda com violino, acordeão e violão, eles cantavam (só no gogó), andando de mesa em mesa, e pra minha surpresa e dos meus amigos mineirinhos, a nossa foi presenteada com a música... “Oh Minas Gerais, Oh Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais, Oh Minas Gerais!!!” O bar inteiro aplaudiu e este foi mais um dos momentos mágicos da Virada.
Da sacada do Bar Brahma, eu via o telão da Av. São João e que privilégio, assisti o show dos Novos Baianos ali mesmo, dava pra sentir a alegria de Baby e Pepeu no palco.

Bom, aqui está muito bom, mas, Maria Rita já deve estar no aquecimento, e esse eu quero assistir de pé, vamos lá, agora não existe diferença entre ruas e calçadas, todas borbulham de gente, pessoas se espremem nas janelas, marquises das lojas, monumentos e interagem com o evento.
18 horas de domingo, gritos, foguetes e aplausos pra receber Maria Rita, que sobe ao palco de vestidinho curto, dançando como uma bailarina faceira, e como ela mesmo prometeu... Rodou a baiana!!! Ela estava linda, irradiante, iluminada! Cantou a primeira música, parou e agradeceu à São Paulo, ao público, embargou a voz e o povo aplaudiu. Ela estava muito emocionada e eu arrepiava a cada palavra, parecia até que Elis estava ali.
