domingo, 16 de maio de 2010

A arte de fazer inícios memoráveis

por Fernando Gil Paiva


"Quando Joana Carda riscou o chão com a vara de negrilho, todos os cães de Cerbère começaram a ladrar, lançando em pânico e terror os habitantes, pois desde os tempos mais antigos se acreditava que, ladrando ali animais caninos que sempre tinham sido mudos, estaria o mundo universal próximo de estinguir-se".
Assim José Saramgo inicia ser romance A JANGADA DE PEDRA, que consegue fazer de seu início aquele que merece estar entre os mehores inícios de romances. Basicamente ele faz seu ínico flutuar como sua jangada. Fluir para que as aspas não sejam o fim de uma citação, mas a vontade do leitor em continuar.

JANGADA DE PEDRA
José Saramago
296 páginas
Companhia de Bolso
R$ 23,00

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Gigantes


Será o dedo de Promoteu?
Ou tem muito GH no cinema nacional? Ou os dois?
por Fernando Gil Paiva
Tem muita água e muita argila na massa do cinema nacional - e isso é muito bom!
O filme de Daniel Filho é um fruto de providências dos tempos da formação da Terra, quando os deuses ainda decidiam o que ia ser formado. O gigante Prometeu pôs muitos de seus genes em seus descendentes - o filme Chico Xavier é um exemplo de caso dominante.
Alguns pontos a serem observados:
- A estética do filme é muito bem pensada, e tem um cuidado e um argumento do tamanho que tem que ser, sem se perder ou ficar exagerado;
- Personagens como Giulia Gam e Giovana Antonelli, que aparecem tão pouco tempo, fazem-se fortes o bastante como a cicatriz da ponta de umas garfadas na barriga;
- A fotografia do filme é tal qual a fotografia de família de quando você ainda era criança - para não esquecer mais;
- O trato e a sabedoria em dosar um personagem real e que permaneceu intacto nas memórias das pessoas.
Nelson Xavier, Ângelo Antônio e Matheus Costa tem todos um pouco de Chico em si... Alguns, mais fisicamente aparente, outros, mais emocionalmente transparentes. Saberia Prometeu que seus sucessores teriam tanto da grandeza dos primórdios? Os dedos do gigante deixaram o legado, seus filhos honraram a beleza e grandeza do trabalho. Chico Xavier, o filme, é a sucessão de fatos da vida de uma criança 'louca' e desacreditada que sempre optou por acreditar nas pessoas - fossem elas física ou esperituais. Um filme cheio de dedos de gigante e hormônio GH.
GRANDE! GIGANTE!


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um lema da porta pra dentro?!

É melhor dar uma olhada!



por Fernando Gil Paiva


A rua São Miguel, perpendicular à Av. Fernando Côrrea em Cuiabá, que começa em rua e acaba em uma ruela onde não passam carros virou estacionamento de caçambas e sacos de lixo que deveriam ter um caminho muito diferente do que está tendo. A coleta seletiva que deveria ser continuada de dentro dos estabelecimentos para fora toma rumos que faz a "marca" rumar para um trágico naufrágio. A empresa que produz seu produto também é responsável por seu lixo e tem que saber dar o melhor fim para ele! Afinal, reciclar seria o mínimo... para algo tão 'gostoso e saudável'. Nessa amarelinha para chegar até o ponto de ônibus, as pessoas pulam todo o tipo de lixo, desde plásticos, a restos de aliementos e bebidas que não tem nenhum tipo de cuidado. Para as pessoas, o ônus é no âmbito da saúde que fica fragilizada com os animais como ratos e baratas que vêm atrás do banquete de restos; para as empresas - o ônus de seu próprio nome e de sua, talvez, credibilidade.


Ahhh, a poesia...

Um convite à poesia
de um potuguês que também é do Brasil...


Amor

Se amor é uma loucura
E é fonte de dissabores
Se é sentimento que tortura
E transforma os sonhadores...

Se amor é uam ventura
Que esconde angústias e dores,
Se é uma estranha mistura
De ilusões, espinhos e flores...

Se amor é turbação e demência,
E é juntos, ternura e violência
Se amor é isso, estou condenado!

Condenado a viver mil ternuras,
Que preso à maior das loucuras
Estou pelo amor contaminado.


Álvaro Martins
25/04/1995

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Convite à leitura

Porque, às vezes, não apenas uma sinopse pode ser convidativa para saber o que virá na obra...


Aqui ,neste post, um trecho de uma obra que, pela sua força, merece não ficar apenas neste parágrafo...

"Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro. Tempo para mim significa a desagregação da matéria. O apodrecimento do que é orgânico como se o tempo tivesse como um verme dentro de um fruto e fosse roubando a este fruto toda a sua polpa. O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento da evolução das coisas, mas o tempo em si não existe. Ou existe imutável e nele nos transladamos. O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta."
... mas seguir do 'grito da ave rapina' ao 'Deus estava em paz'.
Boa leitura!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Eternal Sunshine of Audrey Light

Alguns dizem adeus, outros dizem sempre!


por Fernando Gil Paiva


O rosto inesquecível da bonequinha de luxo sempre estampou muitos textos, sempre fez-se merecido por se lembrar e por atuar em assuntos e discussões sobre uma atriz que não passou, mas que ficou.

Há umas três semanas tive a chance de rever ALWAYS (Além da Eternidade) de Steven Spielberg, o último filme em que Audrey Hepburn atuou, poucos anos antes de sua morte em 1993. Nas poucas cenas em que ela aparece como a intermediária entre a vida e a morte, ela faz-nos lembrar porque ela é A AUDREY HEPBURN e que pelas águas por onde ela passou outras não passarão! Assim como disse a atriz Amy Adams sobre Meryl Streep na gravação do filme 'Dúvida' - "Agora eu entendo porque ele é A MERYL STREEP" - é mais ou menos nessa magnitude. O que a pequena notabilíssima conseguiu foi fazer de sua imagem talvez um dos rostos mais lembrados de todos os tempos... não apenas um rosto, mas um rosto cheio de conteúdo e boas lembranças.


E para trazer essa entidade um pouco mais de eterno, a dica do Box Coulture de sete filmes com a Audrey Heoburn e um DVD de extras... O box foi lançado no fim de 2009 e traz os longas que lhe renderam seu SEMPRE. São eles: Sabrina, Guerra e Paz, Bonequinha de Luxo, A Princesa e o Plebeu, My Fair Lady, Cinderela em Paris, Quando Paris Alucina.

E para prosseguir algumas de suas lembranças das menos conhecidas, Audrey em suas facetas diferentes do luxo de sua bonequinha. Hoje, dia de seu aniversário, Audrey completaria 81 anos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os melhores do cinema nacional

A arte da vida na arte de Laís Bodansky

por Fernando Gil Paiva


Tudo na escola é gravado, documentado e “enquetizado” em blogs na Internet. Isso é uma das coisas que acontecem. Todas as pessoas são alvo de discussão e exclusão desde que não pertençam ao grupo dos regularmente bem vestidos e sociáveis. Outra coisa. A família forte pode ficar igualmente fraca e tudo que parece acontecer só com os outros, passa a acontecer com você. Parece que a adolescência é mesmo um período suscetível de mudanças e passar essa fase é, para a maioria dos jovens, um fogo cruzado contra tudo o que lhes é imposto.


Laís Bodansky
O recém lançado “As melhores coisas do mundo”, de Laís Bodansky é a síntese das melhores e piores coisas que existem no mundo dos adolescentes do século XXI. A diretora de “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de Saudade” foi em escolas e lugares freqüentados por jovens para encontrar os pontos chaves do enredo e, de quebra, trouxe vários deles para o filme.
O roteiro de Luiz Bolognesi, baseado na série de livros “Mano”, de Heloisa Pietro e Gilberto Dimenstein conta a história de Mano, de 15 anos. Nesse período de sua vida, tudo parece acontecer ao mesmo tempo, desde as melhores coisas como a aula de violão para conquistar uma menina até as piores coisas como a separação dos pais. Laís argumenta ricamente seu roteiro sem deixar que nada fique em excesso. Ela trata de temas como o bullying (exclusão e preconceito consciente com outros jovens, seja na escola ou na internet) e que não são só praticados pelo estereótipo clássico e maniqueísta de bom e mau. Todos podem, mesmo que seguidos por arrependimento, ser autor e vítima de todo o fogo cruzado da guerra entre jovens.

Para os “soldados da batalha”, o argumento é a identificação imediata seja para qual tema for – e é possível ainda que você se identifique com todos os assuntos. Para os soldados desligados, os que já passaram dessa fase, a guerra pode parecer mais cruel do que em tempos passados. Os soldados com armas de fogo mais especializadas e o campo preparado de armadilhas para o primeiro inocente que cair.

Laís fala de tudo isso com uma linguagem muito simples e universal. Não é um filme para jovens e está longe de ser um filme só sobre jovens. É um grande emaranhado que não prega o certo ou o errado, o bom ou o mau, o legal ou o insosso. “As melhores coisas do mundo” é mais que um dueto de temas relevantes, é uma orquestra da ação e da reflexão que mostra como cada assunto pode ou não interferir na vida, seja você jovem ou adulto, que está inserido numa escola ou não. Afinal, as barreiras físicas da escola não terminam junto com as barreiras comportamentais, que são levadas com cada aluno para todos os outros lugares.
O filme está em cartaz nos cinemas nacionais. Não dá pra perder!