terça-feira, 30 de junho de 2009

Referencial prático-teórico

Sabores da Índia

(Tastes from India)
por Fernando Gil Paiva
A organizão natural do espaço levou e resultou à uma conjunção única de sabores, olhares, cultura e magia. A Índia é nada mais, nada menos que um território de múltiplas possibilidades e vivências. As imagens que seguem servem de embasamento para ilustrar o Diário de Viagem do Navegante que já está em andamento.
The natural and spacial organization resulted in a unique association of flavors, glances, culture and magic. India is much more than a territory of multiple possibilities, beliefs and experiences. The following pictures are the basis to ilustrate the Journey Diary that's been posted here.

Prévia para um diário de viagem hiper-real

Michel Foucault e a Índia dos seus olhos sob os meus
por Fernando Gil Paiva

Este post será componente para as partes seguintes, que contam a história de um viajante real, em planos reais, em situações imginárias. O observação clínica do viajante sobre a sociedade é uma constatação de um tempo que é presente, mas que não pertence àquele que está ali vendo tudo aquilo. É a vida dos outros sob os olhos da sua vida. O viajante é o pesquisador, filósofo e professor Michel Foucault que desenvolveu extensos estudos relaciosados à sociedade e ao comportamento dos indivíduos e suas disciplinas. Entre obras consagradas de Foucault estão: A Microfísica do Poder; A Ordem do Discurso; História da Sexualidade; Vigiar e Punir; Arqueologia do Poder; e História da Loucura na Idade Clássica.

Michel Foucault

A seguir, a história que narra a vida como alvo do capital. O império e a biopolítica sob os olhos do navegante. (Texto segue na íntegra e na ordem cronológica como foi escrito)

Diário de Viagem do Navegante

Prólogo

De que mundo se poderia tentar falar para mostrar um mínimo do que realmente ocorre no profundo modo de viver das pessoas? Muitos e muitos lugares serviriam de exemplo para tal história... Mas querendo ser justo com uma parte, como um ato de única oportunidade, decido que, para tal fragmento que segue, será uma única e inexplicável experiência.
Sejam bem-vindos ao simulacro do século XXI!
Aqui... Onde o mínimo de real que se vê é da ordem da hiper-realidade.
Não digo que a descrição detalhada inexiste, mas sim a pessoa, no espaço e tempo.
Com isso, inicio uma pequena grande viagem, um último testemunho que precisa ser dado para alguém conhecido do passado... Alguém que nunca recebera minha última palavra.

5º Dia

Fazendo um balanço da última vez que estive em Mumbai para esta vez, em 2007, contento-me com as poucas palavras do comedimento. Muito deste lugar já não é nem um pouco parecido com o fim da década de 1970. Há muito mais gente que antes e algumas, em especial, não mais se encontram aqui. Esses últimos dias, desde a chegada, foram de grande motivação para que algumas palavras pudessem ser repetidas com intuito de fazer repensar ou lembrar de coisas que já foram ditas.

Com meu objetivo, sob um ponto de vista, alcançado, acredito que se aproxima o fim de um simulacro. Vejo que nesse mundo somos todos muito suscetíveis a tudo que está ao nosso redor, somos a todo o momento analisados, julgados e estamos sempre sujeitos a quem quer que se ache de algum modo detentor de tal sujeição.

Olho, de novo, para fora, através da janela deste velho ônibus que torna à Varanasi. Vejo quanta vida e quanta morte este mundo ainda espera no seu desenvolver. Dharavi não estará fora disso, seus habitantes... E o modo como tratam uns aos outros e com suas vidas destinadas desde antes mesmo de nascerem... Quem nasce na casta dos brâmanes ainda permanecerá nela, assim como os xátrias, os vaixás, mas sinto – que de algum modo, dentro de mim – que a vida de pelo menos um deles pôde ter sido questionada, reavaliada... Foi uma chance rara, um momento em que um intocável se sentiu, pela vida, tocado.

1º Dia

A Índia é um país banhado pelo sagrado. Alguns lugares, todavia, podem se sentir mais privilegiados por esse banho, ainda mais se tratando de um banho de águas cultura e religiosamente sagradas, águas do Ganges, ou do “Ganga” como informalmente o chamam. Escolhi começar por Varanasi justamente por isso, aqui onde as pessoas vêm com intuito único de serem agraciadas pelo contato líquido com o rio. O lugar mantém um colorido significante, uma religiosidade, uma fé inabalável e um conjunto da obra que realmente não poderia passar despercebido.

O rio é de uma múltipla funcionalidade: serve de transporte, tem poder de cura, além de ser um palco interminável de sessões crematórias onde as cinzas são jogadas em seguida. A realidade me veio por outros olhos... Não via apenas pessoas com seus hábitos sagrados e culturais, eram pessoas que usufruíam e, um pouco, alteravam o funcionamento normal do rio, mesmo que jamais tivessem noção de seus atos de poluição, por exemplo.

Já soube da tentativa de vários discursos ligados à saúde para, ao menos, amenizar a quantidade de dejetos arremessados, mas discursos biopolíticos, aqui, enfrentam uma grande resistência por parte de seu povo, que faz exatamente aquilo que lhe fora ensinado, o que seus antepassados faziam e que seus sucessores o farão. Mas poucos enxergam essa possível compatibilização entre crença e solução e se pensassem em mudar essa pressão que é feita sobre o meio ambiente, alguns antigos mitos hindus teriam que ser modificados. Talvez assim, mas ainda com dúvidas, algo pudesse mudar.

Percebi, afinal, que sempre haverá uma segunda ou terceira justificativa para o caso de doenças como o cólera, a febre tifóide, hepatite e disenteria... São coisas que poderiam ser totalmente ou quase totalmente contornadas e a religião seguiria com sua superioridade. O momento ideal para relembrar-me de que “fazer viver e deixar morrer” é mais válido que a situação inversa, existente na época dos soberanos e súditos.

Depois de um olhar de procura e entendimento sobre essas relações de poder entre religião e religiosos, levantei-me de uma das escadarias onde me encontrava em porte de observação e segui para um local previamente indicado, onde eu sabia que havia um ônibus indo rumo à Mumbai, a cidade onde eu mantive um contato desde a última vez em que estive neste país.

Começo a perceber a realidade deste mundo: olhares, comportamentos, conceitos e ações. Talvez até medo por parte de alguns e também preconceito por outros, afinal, estão diante de um completo estranho...

Mas para este início de viagem, que ainda durará horas pela frente, ficarei com a lembrança de uma cena captada segundos antes da partida: havia uma casa pintada rudimentarmente com tinta branca, uma porta de madeira reaproveitada e seis crianças na frente, sentadas com os mais enigmáticos olhares que já vi. Então penso: quanta ingenuidade caberia ainda dentro deles? Ou, infelizmente, me perguntaria, até quando durará pura ingenuidade...

Não consegui ver o fim da viagem, dormi com meu caderno de notas preso entre os braços cansados. Alguns olhares mantiveram-se sobre a minha pessoa, um deles para logo depois me procurar...

(Continua...)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

+ filme novo

Inimigos Públicos


por Fernando Gil Paiva


Depois do grande sucesso e reconhecimento de talento no filme Piaf - Um Hino ao Amor (que é muito superior à uma sequência de fatos na vida de Edith Piaf), Marion Cotillard surge com mais um grande filme ao lado de Johnny Depp (Edward Mãos de Tesoura) e Christian Bale (O Cavaleiro das Trevas). Inimigos Públicos é um produto da direção de Michael Mann, que também trabalhou em Ali, Collateral, Miami Vice, O Último dos Moicanos, entre outros. No filme, o trio de mafiosos da década de 30, período de pós depressão nos EUA e no mundo, foge do FBI quando uma onda de crimes acontece nos Estados Unidos.


O filme é uma adaptação do livro do escritor Brian Burrough, sobre o período posterior da quebra da Bolsa de Nova York em 1929. O título original é 'Public Enemies: America's Greatest Crime Wave and the Birth of the FBI'. (Inimigos Públicos: A Maior Onda de Crimes da América e o Nascimento do FBI).

Trailer do Filme: http://www.youtube.com/watch?v=zHAorKjVy5M&feature=related

domingo, 28 de junho de 2009

filme novo


Tinha Que Ser Você

por Fernando Gil Paiva



Depois de se encontrarem em "Mais Estranho Que a Ficção", o casal Emma Thompson e Dustin Hoffman se encontram novamente para viver uma história entre a coincidência e a precisão do destino. Tinha que ser você já está em cartaz nos cinemas do Brasil.

Trailer Abaixo
http://www.youtube.com/watch?v=OoBCHnzl8Gw

+ Filmes com Emma Thompson

Razão e Sensibilidade
Angels in America
Simplesmente Amor
Harry Potter e a Ordem da Fênix

+ Filmes com Dustin Hoffman

Rain Man
Kramer Vs Kramer
Em Busca da Terra do Nunca
Perfume: a História de um Assassino

'Tinha Que Ser Você' recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Ator - Comédia/Musical (Dustin Hoffman) e Melhor Atriz - Comédia/Musical (Emma Thompson).

terça-feira, 23 de junho de 2009

Parabéns! (Parte III de III)


Mary Louise Streep
por Fernando Gil Paiva

E mais um ciclo da carreira de Meryl Streep, que vai do ano de 2002 à 2009. Nesse período Meryl Ainda teve mais indicações e prêmios por outros tantos personagens marcantes. Atenção especial para os filmes "As Horas"; "O Diabo Veste Prada"; e "Dúvida".
Meryl Streep nasceu em 22 de Junho de 1949. Desde lá... Já estava encaminhado o que hoje pode-se constatar.
2002 - As Horas (The Hours)

2002 - Adaptação (Adaptation) Muito bem adaptada! E indicada ao Oscar de melhor atriz Coadjuvante.

2003 - Angels in America (Seriado dirigido por Mike Nichols)


2004 - Sob o Domínio do Mal (The Manchurian Candidate)


2004 - Desventuras em Série (Lemony Snicket's A series of unfortunate events) (É melhor tomar cuidado senão esse post pode expirar em milhares de microssegundos!)


2005 - Terapia do Amor (Prime) (Entre o dilema da ética e da família).

2006 - A Última Noite (A Prairie Home Companion) O último filme de Robert Altman.


2006 - O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada) Indicação à Melhor Atriz! A Poderosa Miranda!

2007 - Fúria Pela Honra (Dark Matter)

2007 - Leões e Cordeiros (Lions for Lambs) A jornalista.

2007 - O Suspeito (Rendition)

2007 - Ao Entardecer (Evening)


2008 - Mamma Mia! (Meryl simplesmente cantando, dançando e rememorando!)

2008 - Dúvida (Até então, sem sombra de dúvida, a última indicação à Melhor Atriz)

2009 - Julie & Julia (O próximo Oscar?)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Parabéns! (Parte II de III)

Uma pequena, louca e neurótica viagem sobre Meryl Streep...

por Fernando Gil Paiva

Com certeza em sua vida não faltarão LEMBRANÇAS DE HOLLYWOOD, ou de tantas outras instâncias cinematográficas. Já consagrada na Terra, Meryl já é portadora de UM VISTO PARA O CÉU, se bem que eu nunca lhe diria ou pensaria que A MORTE LHE CAI BEM. N'A CASA DOS ESPÍRITOS, as lembranças correm rápidas e velozes como O RIO SELVAGEM sob as famosas PONTES DE MADISON. Hoje podemos ver a Meryl de ANTES E DEPOIS e sem ao menos nos decepcionar com o trabalho árduo de uma artista completa. Se antes ela era apenas Julia de um primeiro filme, agora é tal qual uma das FILHAS DE MARVIN, se Marvin fosse o cinema e filha cada pedaço, cena, plano, nota musical, parte de uma música, de uma DANÇA DAS PAIXÕES. Meryl não é una. Meryl é múltipla e infinita, é arte de UM AMOR VERDADEIRO, é MÚSICA DO CORAÇÃO para quem a vê, ouve e contempla.

1990 - Lembranças de Hoolywood (Postcards from the Edge) (Mais uma indicação à melhor atriz)
1991 - Um Visto para o Céu (Defending your Life)

1992 - A Morte Lhe Cai Bem (Death Becomes Her)

1993 - A Casa dos Espíritos (The House of the Spirits) (Ao lado do elenco célebre como Antonio Bandeiras, Glenn Close, Winona Ryder, Vanessa Redgrave, e Jeremy Irons)

1994 - O Rio Selvagem (The River Wild)
1995 - As Pontes de Madison (The Bridges Of Madison County) (Uma das melhores e mais inesquecíveis atuações e mais uma indicação ao Oscar de melhor atriz)

1996 - Antes e Depois (Before and After)

1996 - As Filhas de Marvin (Marvin's Room)


1998 - A Dança das Paixões (Dancing at Lughnasa) (A simplicidade dos complexos)


1998 - Um Amor Verdadeiro (One True Thing) (Inesquecível na cena de Doroty e em sua atuação. Outra indicação à melhor atriz)


1999 - Música do Coração (Music of the Heart)

Parabéns!!! (Parte I de III)

por Fernando Gil Paiva

Meryl Streep é um dos grandes talentos que ainda continuam a surpreender a cada trabalho feito. As pessoas até conseguem destacar trabalhos, mas não tem como dizer que este ou aquele foi de muito azar ou completamente incabível. A questão é da margem dos desafios e falando de Meryl Streep ela consegue driblá-los de modo sincero e autêntico. Não há personagem que não fique na memória, não há momento que se apague... É por isso que hoje, 22 de junho, quando minha atriz favorita [há anos] assopra velinhas, resolvi começar a primeira de três partes que vão tratar de nostalgia, lembrança. De 1977 a 1989, Meryl cresceu, despontou e ganhou seus dois Oscar (melhor atriz e melhor atriz coadjuvante). Daí em diante, ela só bateria seus próprios recordes e se tornaria, com o passar de cada filme, a atriz mais premiada da história da cinema!

Parabéns, Meryl Streep!

1977 - Julia, primeiro filme, a estréia.
1978 - O Franco Atirador (The Deer Hunter) (Primeira indicação ao Oscar - Atriz Coadjuvante)

1979 - Kramer Vs Kramer (O primeiro Oscar - Atriz Coadjuvante)


1979 - Manhattan (Do querido Woody)


1981 - A Mulher do Tenente Francês (The French Lieutenant's Woman) (Primeira indicação ao Oscar - Melhor Atriz)


1982 - A Escolha de Sofia (Sophie's Choice) (Terrível escolha, por sinal. E o Oscar de Melhor Atriz!)

1983 - Silkwood (do diretor Mike Nichols e mais uma indicação à melhor atriz)

1984 - Amor à Primeira Vista (Falling In Love) Ao lado de Robert De Niro

1985 - Entre Dois Amores (Out Of Africa) (Mais uma indicação de melhor atriz)


1986 - A Difícil Arte de Amar (Heartburn) (mais um filme de Mike Nichols)

1987 - Ironweed (Indicada à melhor atriz pelo filme de Hector Babenco)


1988 - Um Grito no Escuro (A Cry In the Dark) (Indicada à melhor atriz)
1989 - Ela é o Diabo! (She-Devil) (Fechando o primeiro ciclo com a clássica comédia da infância)

sábado, 20 de junho de 2009

Pontos de Vista - Reportagem

A Biblioteca Central da UFMT para quem trabalha, quem estuda e quem quase nunca freqüenta

por Fernando Gil Paiva


Aline e Renata vão sempre à biblioteca central da UFMT, mas isso não foi sempre assim. As duas são alunas especiais do mestrado de Enfermagem e não tem muito tempo que a biblioteca virou o lugar de estudo delas. Tudo porque elas precisam de foco para seus estudos e isso elas podem encontrar estando fora de casa. O mesmo não acontecia em tempos de graduação, que elas ainda não tinham a visão da necessidade do estudo e nem do objetivo certo disso para suas vidas.

Para Aline e Renata, esse despertar da biblioteca não surgiu tão cedo, mas para muitos alunos, a rotina universitária inclui esse espaço de conhecimento como se fosse a sala de suas casas. Tem gente que vai lá logo cedo. Na verdade, qualquer hora vai ter gente estudando lá, e se for fim de semestre, as mesas certamente estarão bem ocupadas. A realidade de muitos alunos inclui a biblioteca como sua segunda casa. Lá eles estudam, entram na internet (novidade relativamente recente), dormem, comem... Mas como as próprias funcionárias Enemar – da portaria – e Nairce – da administração – dizem, “os que vão são sempre os mesmos”. Logo, muitos alunos sequer passarão por lá, talvez nem mesmo em seus mestrados ou para uma visita rápida.

Há trinta anos, Nairce e Enemar trabalhavam na biblioteca central em meio aos livros. Nesse tempo, estudantes vieram, criaram laços com os funcionários, inseriram-se no ambiente, partiram, seguiram seus caminhos e profissões. Para essas duas testemunhas que viram a evolução do lugar, a biblioteca está hoje menos cheia do que antes e não apenas para as duas, os estudantes também têm suas opiniões sobre essa ausência.

Do antes ao depois

Nairce de Amorim, que fica na parte de auxiliar administrativo, acha que a redução de alunos na biblioteca ocorreu simultaneamente à difusão da internet. Antes os alunos se viam obrigados a recorrer aos livros e “hoje quase todo mundo tem internet. Quem não tem, paga para ir a uma lan-house”, diz. Esse seria um dos grandes motivos para que o aluno evite sair de casa. Nairce colocou também que há três anos, por exemplo, o número de alunos de outros lugares (escolas e universidades) era maior do que o próprio número de alunos da UFMT que freqüentavam o lugar.

Enemar Pinheiro, a atendente da biblioteca, entretanto, acredita que a ausência dos alunos está principalmente na falta de interesse em aproveitar o lugar e o material que a universidade está oferecendo. De acordo com ela, ainda hoje, na parte da noite, 90% dos alunos são de escolas de cursinho e concurso. Um fato que se assemelha à opinião das estudantes de mestrado Aline e Renata.Quando falam das mudanças de espaço interno e do sistema presente na biblioteca, as funcionárias de longa data contam que a pesquisa de livros está completamente atualizada de modo que o aluno pode ir à biblioteca, fazer sua busca rápida e saber se tem o livro e onde ele está. Esse processo de dinamização das funções também mudou um quadro que vinha tomando um grande esforço da caneta para o papel. “Para cada livro que saía da biblioteca precisávamos escrever os dez dígitos da matrícula do aluno, nome, além das informações necessárias para o empréstimo do material. Nós atendíamos em pé”, disse Nairce. Enemar, ao falar das melhorias frisou a climatização do espaço, a chegada dos computadores para funcionários e alunos e o sistema de cadastro de todo material.

De fora da biblioteca


Do lado dos alunos, as outras tantas histórias. Tanto daqueles que sempre vão, como daqueles que foram raras vezes ou nunca foram. Gyan Lucca e Camila Graham, estudantes de Rádio e TV, freqüentam a biblioteca quando realmente surge a necessidade. Gyan, por exemplo, só foi três vezes à biblioteca. A primeira foi logo no início da faculdade, em 2007, e as outras duas para pesquisar livros que precisava, como foi o caso de “O Príncipe”, de Maquiavel. Camila vai quando sabe que o livro que precisa tem lá. Antes até ia para estudar, mas hoje em dia vai muito menos porque estuda em casa ou no trabalho.

Paula Letícia, de Publicidade e Propaganda, sempre vai à biblioteca setorial, onde encontra os livros que precisa. “Sempre que o material que o professor nos dá não é suficiente, vou à biblioteca setorial ou compro os livros que acho serem os mais essenciais”, comenta. Outra dificuldade é a distância e o tempo. Como Paula entra no trabalho muito cedo, não sobra tempo para ir até a biblioteca central, que fica distante do bloco de Comunicação Social. Para completar, Gyan acha que a biblioteca tem um acervo clássico grande, mas encontrar os livros exigidos pelos semestres mais avançados é muito mais complicado. “Não se encontram lá as bibliografias mais recentes”, conclui.

O acervo

A biblioteca central tem aproximadamente 167.000 mil exemplares e o ponto de vista sobre a desatualização do material é comum tanto dos funcionários, estudantes que freqüentam e os que não freqüentam. Quanto aos livros existentes, Nairce concorda que “muitos alunos reclamam sempre que o material se encontra velho e defasado e pedem que mais livros sejam comprados”. Dilma Machado de Barros, bibliotecária e representante da Coordenação da Biblioteca Central da UFMT, disse que os departamentos de cada curso da universidade preparam uma lista da bibliografia necessária. “Essa lista geralmente chega aqui até julho, pois a verba sempre chega por volta de outubro. Quando os nomes chegam aqui, uma checagem é feita para ver se o acervo tem algum dos itens do pedido e também a quantidade de cada um. O pedido é encaminhado para o Setor de Materiais da UFMT, que é geral para toda a universidade”. Depois disso, existe o tempo do processo de compra e chegada dos materiais, que não foi mencionado por Dilma.Por isso, as estudantes de mestrado, Aline e Renata, sempre vão à biblioteca com o material que o mestrado disponibiliza ou que procuram na internet. Apelam pelo fato de não terem artigos científicos disponíveis na biblioteca para estudar. Aline também fala da ausência de programas de texto nos computadores, como o Microsoft Word, para que os alunos possam digitar seus trabalhos.

De volta para dentro e com muita disciplina

Para Elisa Vitório, que cursa o 3º ano de Direito, num bloco que é vizinho de frente à biblioteca, é mais fácil ir. Antes ela até confessa que ia muito mais, mas depois de ter arrumado um emprego fica muito mais difícil. Elisa acha que estar na biblioteca faz com que ela crie uma disciplina maior em seus estudos, já que lá não tem nada que a disperse, o que não acontece em casa. No seu caso, “virou uma questão de pequenos momentos como intervalos de aulas e dias que algum professor não vinha. A constante atualização das leis e códigos do curso é algo que a biblioteca não consegue acompanhar. Muitas vezes acabamos indo para outras bibliotecas que não a da UFMT”, comenta.Outras frequentadoras, Aline e Renata, que vieram estudar na UFMT vindas de Redenção (PA) e Morrinhos (GO), respectivamente, também acham que a disciplina é algo realmente forte e “estar na biblioteca contribui para não perder o foco”. Mas não apenas isso. Depois de terminar a graduação, as alunas dizem ter mais visão do que precisam, enxergam a real necessidade do estudo e o objetivo disso na carreira delas. O que não acontecia na graduação, pois as duas amigas quase nunca iam ao lugar.

E assim, seguem as outras tantas histórias de alunos. Os que são de Cuiabá, os que vieram do interior ou de outros estados e que tem a biblioteca e a universidade como segunda casa. Gente que estuda e que vive o espaço acadêmico desde o café da manhã em alguma cantina até o jantar no RU às sete da noite. Pessoas que passam ali para conhecer, ler um livro, acessar a internet, voltar a ler, estudar e dormir. E no outro dia, regressar e criar a citada relação com os funcionários, conhecer o lugar e onde ficam os livros que mais leem, que mais precisam. Depois voltar para casa e continuar. Tem gente que volta no outro dia, e voltará sempre – “os que sempre vão” –, há aqueles que precisam de um livro, em outra ocasião, no próximo mês ou próximo semestre e aqueles que passarão pela frente e não entrarão, por falta de interesse ou curiosidade.