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sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ahhh, a poesia...

Um convite à poesia
de um potuguês que também é do Brasil...


Amor

Se amor é uma loucura
E é fonte de dissabores
Se é sentimento que tortura
E transforma os sonhadores...

Se amor é uam ventura
Que esconde angústias e dores,
Se é uma estranha mistura
De ilusões, espinhos e flores...

Se amor é turbação e demência,
E é juntos, ternura e violência
Se amor é isso, estou condenado!

Condenado a viver mil ternuras,
Que preso à maior das loucuras
Estou pelo amor contaminado.


Álvaro Martins
25/04/1995

sexta-feira, 29 de maio de 2009

50 / 50

por Fernando Gil Paiva

A proporção é clara. Metade / metade.

Dois meios que completam e formam um inteiro. Lados diferentes, tipos diferentes, ingredientes, composições, costumes... e depois disso uma ligação. Uma união de duas fitas de DNA que se combinam em uma só. Fica até difícil dizer - hoje - onde termina uma e começa a outra. É mais fácil dizer que sou e somos cada um uma banda de moebius (abaixo), um ciclo sem distinção de que começa aqui ou termina ali. Um infinito que é limitado a uma pessoa.

Uma pessoa que pertence aos infinitos.
Minha metade brasileira, minha metade portuguesa.
A primeira amarela. A segunda vermelha. As duas verdes.

Se de uma tenho lembranças de histórias em uma roça, uma fazenda, a outra me lembra o moinho, a vila antiga. Se penso em um quibe com ovo, risole de milho verde, pastel de dinossauro da infância, lembro-me também das filhoses portuguesas, dos pães e das fatias douradas.

Se pergunto a uma "Como está?´", já na outra respondo ao "E depois?"...
Se vejo um retrato próximo e palpável numa, na outra são representações de uma metade muito desconhecida e impalpável. Metade tão perto, metade tão longe.

Cada tijolo que ergue o moinho também é um tijolo de barro brasileiro, se na casa da roça tem carpintaria portuguesa, lá estão os azulejos. As duas se tornam uma única morada, um ponto em comum para dois não tão mais extremos. Sei quem são os rostos e o que cada um deles representa. Imagino que sei, imagino o que sei. Quanto mais volta o tempo, mais fica apagada a memória intocada.

Sou um grande visitador do passado, um nostálgico. Não me contento com o que meu corpo limita, minha nostalgia é também para os passos dos outros, os outros caminhos, anos que antecediam sem saber da existência desse hoje.

O tracejado no mapa que marca o tesouro é não menos que um retorno. Um retorno de um passo que já foi dado. "Para onde vão os passos que ficam para trás?". Ficam na memória. Pode ser que fique na parte intocada, pode ser que se faça - mais do que nunca - tocável.

Sendo assim,
Metade de mim barco de papel, a outra metade claravela [sic] portuguesa. Um inteiro navegante.