terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Entre Irmãos



Pistas do incrível e conceitualmente bem construído poster de Brothers, de Jim Sheridan, pressupõem a ruptura que haverá entre os escolhidos para protagonizar o filme. Tobey Maguire (Homem Aranha), Jake Gyllenhaal (O Dia Depois de Amanhã) e Natalie Portman (Closer). Entre Irmãos é fruto de um relacionamento bastante dificultado entre Sam (Maguire) e Tommy (Gyllenhaal), pois Sam é o clássico exemplo de um filho que é capaz de dar todos os orgulhos a seu pai oficial retirado do exército, enquanto Tommy acabou de sair da prisão. 

O in between dos irmãos é a personagem de Natalie Portman, Grace, que ao mesmo tempo em que cria suas duas filhas, precisa lidar com as frequentes ausências de seu marido quando ele é convocado para representar seu país no Afeganistão. As filhas, ainda pequenas, acabam sendo as primeiras a demonstrar as dores da distância do pai e também mostram suas insatisfações quando isso tem que acontecer. E como já é anunciada, eis que chega a ruptura. Os irmãos se separam, o marido se separa da mulher e das filhas, o pai, cheio de sentimentos pelo filho perdido que não voltou da guerra, extravasa seus ressentimentos no irmão que ficou, praticamente perguntando-se por que não você? 


A morte de Sam rompe por completo a delicada família e em meio à tanta dor, Tommy tenta reparar-se como filho não pródigo e como tio e amigo que nunca foi da família de seu irmão. É nesse momento em que corações partidos tentam reconstruir-se pela dor comum, reconstroem-se até que o que parecia impensável volta a modificar a família. Maguire, Gyllenhaal e Portman formam um trio consolidado neste filme de Jim Sheridan. Desde o trailler mantive boas expectativas por mais de seis meses até que consegui assisti-lo. E digo, elas apenas se superaram. Brothers é o filme sem excessos e sem faltas, está na medida certa e as atuações (de Natalie Portman, Tobey Maguire e Jake Gyllenhaal) tornam o roteiro um majestoso roteiro.    

sábado, 8 de janeiro de 2011

Sob a influência do "perigo de uma história única"

Desde agosto, quando ouvi o nome da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, não paro de constatar o poder de sua fala na palestra hospedada no TED que sugere um olhar mais profundo e, no mínimo, múltiplo de um determinado assunto. A história única, para Adichie, é tudo aquilo que se resumo ao supra sumo do que achamos que sabemos sobre alguma coisa. É como falarmos da Índia e rapidamente lembrarmos só de Gandhi e do Ganga (o Ganges), ou falarmos da culinária portuguesa e resumimo-la aos pastéis de Belém e ao bacalhau etc etc. Não incorrer no perigo de uma história única é ter a extrema sensibilidade e perspicácia de ir além daquilo que está no fácil e rápido acesso.


Na década de 60, o ainda apenas ator Richard Attenborough (o dono do Jurassic Park, para não falhar a memória) recebeu um telefone inesperado que o colocou diante da biografia de Gandhi. Ele, sendo apenas ator e sem ter contato absoluto com a arte da direção, foi colocado diante do convite de mergulhar na vida do Bapu (pai) da Índia e começar, do zero, sem incentivos e sem dinheiro, a produção do filme que "ainda habitando em sonho" seria realizado não se tinha ideia quando.

O perigo da história única sobre a Índia começou ainda mais a desmoronar quando assisti ao belo trabalho contido nos extras de GANDHI (direção de Richard Attenborough, ganhador de 8 Oscar, edição de colecionador), o que inclui um making of e uma série de entrevistas com o diretor e atores. Para aqueles que gostam e se interessam por Gandhi e que expandem esse gosto pela cultura indiana, digo que foi tarde o dia em que me dediquei às três horas e dez minutos do filme, pensando que poderia tê-lo feito tanto antes sabendo que o DVD estivera na minha prateleira por quase dois anos. Mas minhas teorias sobre a espera argumentam sobre o amadurecimento de uma obra de arte. É como se ela ficasse melhor com o passar do tempo. Mas, enfim, deste modo, mergulhado e seduzido ainda mais por este país, não contive momentos em que me questionei tamanha fidelização de um trabalho inspirado pela vida real. Assim como já havia lido que Mario Cotillard foi o mais impressionante mergulho em um peronsagem baseado em uma pessoa, no caso, Edit Piaf, digo que Ben Kingsley, estando apenas em seu primeiro filme e tendo antes apenas atuado nos palcos do teatro, conseguiu o feito para se equiparar ao impressinante mergulho, mas para um trabalho masculino. 

Ver Kinglsey foi como ver Gandhi se estendendo na dor e luta de sua vida, no amor e na sabedoria suprema que sempre o levava a tomar as decisões mais corretas e que trariam não apenas para si, mas principalmente para seu povo, o bem estar maior. O próprio povo indiano acreditava estar diante de Gandhi tal a semelhança física de um para com o outro. Fica impossível não dar créditos aos incríveis maquiadores que transformavam um homem de 37 anos num homem com as dores, marcas e curvaturas de seus 78 anos. Não foi à toa que Mohandas K. Gandhi foi quem foi e é impecável o trabalho de Attenborough e toda sua equipe,  principalmente quando se esvai do perigo de uma história única e ficamos sabendo, indo um pouco além, que durante vinte anos, o futuro diretor de Gandhi passaria procurando meios de executar este que é considerado um dos últimos épicos feitos antes da era do digital em que se tornou possível multiplicar e acrescentar multidões etc etc etc. Fica evidente o envolvimento que parte do micro ao macro e torna tudo isso uma conjunto sem defeitos. Desde o cudiado com a fotografia, o figurino e a medida certa do amor desse povo para com a história que se contava. 


Gandhi (o filme), infelizmente, na época, não conquistou muito dos possíveis produtores e patrocinadores da indústria cinematográfica e teve que ser rodado com apoio da iniciativa privada e também do governo indiano, que abraçou de imediato a realização do filme. Ter tido o conhecimento da mudança de hábito de Ben Kingsley, bem como sua dieta que passou a se assemelhar a de Gandhi, todo o enorme aparato reunido para fazer daquele momento algo para se tornar inesquecível, parece ter conquistado todos aqueles que ficaram até o último instante, sem nenhum prejuízo, desta obra memorável. E feliz, agradeço por ainda ter a chance de descobrir muita coisa que eu nem imaginava. Sair de histórias únicas ou nem tão únicas histórias e ter o conhecimento de todo um universo ao meu redor de um filme que nunca começa quando colocamos o dvd no aparelho, mas que começou, nesse caso, na década de 60, um filme que começou há 50 anos e que hoje, em 2011, ainda mantemo-nos boquiabertos com tamanho tamanho. Sim! Eu o veria muitas e muitas outras vezes, como me conquistou este que passa a figurar na lista dos meus favoritos. 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sale el sol


Parece realmente muito válido começar esse ano com uma boa meta. Depois de tanta dedicação, tantos dias, horas e caracteres dedicados a esse espaço, não deveria terminar assim. O sol acaba saindo em bons tons depois da tormenta caracterizada e assim chamada por todos aqueles que se encontraram ou já passaram pelo chamado TCC ou monografia. Não que isso tenha tirado sangue ou deixado cicatrizes, mas não é algo que possa passar em branco depois de exigir tanto esforço conciliado com milhares de outras atividades. Depois da tormenta sai o sol. O sol saiu. Está radiante para um ano que promete muitas coisas boas. 2011, - 11 - um número que aprecio tanto. Tudo nos eixos de uma vez por todas. E, é claro, o Alleniado, grande fã do diretor da Manhattan em P&B, Woody Allen, abre suas cortinas, desenlaça novas palavras e volta seus olhares novamente para falar daquilo que tanto me interessa: cinema, literatura e música. Essa semana, inclusive, revi alguns filmes que tinha gostado bastante, entre eles - Julie & Julia (Nora Ephron) - o que talvez tenha mais que me motivado para esse retorno e acabei locando - Tudo Pode Dar Certo (Woody Allen). Entre os inéditos, O regresso para Bountiful, com atuação memorável de Geraldine Page, que infelizmente, acabei percebendo sua notoriedade tão tardiamente;  O amor custa caro, comédia laboriosa dos irmãos Coen; Amor sem Fronteiras, com Angelina Jolie e Clive Owen; e destaque para o diretor Simón Bross com o filme - Maus Hábitos - e o grandioso Richard Attenborough dirigindo o majestoso Gandhi, impecavelmente interpretado por Ben Kingsley. Bom, deixo minhas emoções desses dois últimos para muito em breve, quando, em mais palavras, tentarei convencê-los de que valerá cada minuto, sejam os 98 de Maus Hábitos, sejam os 191 de Gandhi. E que essa sexta não seja apenas a proximidade do fim de semana, mas o início e reinicío deste tão apreciado ambiente.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Alguns realmente sabem o que é cinema!

por Fernando Gil Paiva

Consigo contar e relembrar com clareza e emoção os últimos filmes que me fizeram sair do cinema anestesiado num grau muito superior aos demais. Os três últimos que me lembro foram Piaf - Um Hino ao Amor (La Vie En Rose, direção de Olivier Dahan e com a melhor atuação feminina até então de Marion Cotillard ), Desejo e Reparação (Atonement, direção de Joe Wright e adaptado da obra de Ian McEwan), ambos de 2007; e a obra de arte francesa do diretor Julian Schnabel e interpretada por Mathieu Amalric, O Escafandro e a Borboleta (Le Scaphandre et le Papillon - 2008, fora dos cinemas). Desde então, muitíssimos filmes bons surgiram, mas algo diferente foi feito. Algo muito refinado para se contemplar apenas uma vez (eu já fui vê-lo pela segunda vez).

Christopher Nolan, 40 anos,  também diretor de Batman - O Cavaleiro das Trevas e que já está no preparo de mais um, traz ao cinema uma experiência de próprio cunho e criação chamada A ORIGEM, ou A INSERÇÃO, traduzida do título original INCEPTION. Como sempre prefiro fazer, evitei as pequenas sinopses e folhetins e fui apenas com os artefatos que me moveram para tal, o diretor, atores, especialmente Marion Cotillard, mas não diminuindo Michael Caine, Ellen Page, Leonardo Di Caprio, Ken Watanabe, Cillian Murphy, entre outros que foram igualmente marcantes. 


Também não quero ser um spoiler ou falar demais sobre o filme - justamente porque ele MERECE! ser visto! Mas falar sobre sonhos e suas experiências, afinal, nos hipnotizar sem qualquer dificuldade por 148 minutos não é para qualquer um, e não seguraria aqueles mais distraídos ou menos capacitados para um trama um pouco mais complexa. A Origem nos faz  perceber para que é o cinema, qual o seu devir, e por qual motivo existe a sétima arte. São obras espetaculares como essa que nos fazem enxergar a relevância dessa arte, que nos fazem sonhar na realidade e nos fazem querer continuar sonhando quando o filme acaba e volta a realidade.

Non, Je Ne Regrette Rien de Edith Piaf, também nunca mais será a mesma quando eu for ouvi-la. Meus sonhos talvez também não sejam mais apenas do ato ou verbo sonhar: eu sonho, tu sonhas, ele sonha e fica por isso mesmo em contar-nos os sonhos. É importante que, como ferramenta do conhecimento e da inteligência, o cinema possa mostrar suas funções e mover-nos para coisas que não nos atentaríamos. A Origem me fez mover, fez com que eu ficasse não apenas as horas depois do filme, mas ainda agora estou pensando, alguns dias depois de tê-lo visto e depois de tê-lo visto de novo... Há um tanto de perfeição que merece ser reverenciada! Assista ao filme e depois volte para confirmar algo que é certo para mim, digno deste post com final Kubrickiano!


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Agora já nasceu!


Como já havia mencionado anteriormente, SONORA é o meu primeiro livro lançado! Depois de seis anos desde as primeiras idéias e primeiros rascunhos, depois de várias tentativas para publicá-lo... agora SONORA está disponível para venda!


Abaixo, o texto contido na orelha:

Ana conseguia imaginar sua filha Mena em situações bem diferentes. Quando Mena ia à praia com ela, sentavam nas pedras e sentiam a água do mar espirrando contra seus pés e roupas. Nos aniversários de Mena em que ela sempre ficava ofegante atrás de seus presentes e tentando descobrir as surpresas das festas surpresa. Quando a filha voltava da escola distraída ou com raiva do Pedro, Juan ou qualquer outro. Mena pendurada nos braços do pai brincando de avião e equilibrando-se para não cair. Como foi dito, Ana conseguia imaginar Mena em situações bem diferentes. Ela abriu a agenda que estava em suas mãos, havia uma rosa, não mais vermelha como sangue, mas marrom, seca do tempo, seca de vida. Mesmo assim bela, intacta, ainda continha o todo de sua filha: talvez um pouco de ar respirado por ela após a busca do aroma, talvez um grão de sal seco de uma gota do mar que espirrara e ali ficara escondida, alimentando-a até a morte. Ana imaginava muitas situações diferentes e atropelava-se em pensamentos. Se outra gota de água que caísse na rosa seca pusesse nesta a vida, talvez, nessa mesma instância, teria sua filha de volta. Ela se perguntava sempre se ainda veria Mena fazendo todas aquelas coisas que imaginou e que nunca aconteceram. Às vezes, algumas pessoas têm de malhar mais o coração que outras. Ana faria isso até o dia que dessem a ela a resposta que não sumia: onde está a minha filha?

Você pode adquirir o livro entrando em contato pelo meu e-mail:
nandopaiva2@hotmail.com

O valor do livro é de R$25,00 + frete (para outras localidades que não Cuiabá)
Garanta o seu! EDIÇÃO LIMITADA!