terça-feira, 15 de setembro de 2009

+ historietas

FOI ASSIM QUE ACONTECEU
por Naiza Brito Garcia e colaboração de Fernando Gil Paiva


Joana era toda colorida. Segundo seus pais, no dia em que Joaninha nasceu, todas as borboletas da floresta haviam roubado as tintas das flores para pintar o seu corpinho.

Depois de três meses de vida, Joana já estava bem formada e já tinha garantido um belo par de asas. O casamento de seus pais já não andava lá essas coisas e como Joana já estava terminando o ensino fundamental seus pais acharam melhor se separar. Joana não achou tão ruim, já que a partir dali era teria duas casas. A casa de sua mãe ficava na trigésima quarta flor da laranjeira da esquina. A casa era toda perfumada e toda branquinha, apenas seu quarto era amarelinho. Já a casa de seu pai ficava no condomínio folhas da amora. Lá ela tinha muitos coleguinhas e por isso brincava muito quando ia passar as tardes com seu pai.

Sua brincadeira preferida era a gira-gira. Joana e seus coleguinhas passavam a tarde toda girando na roda do girassol desenhando caracol no ar.

Certo dia depois de dar 36.874 giros no girassol, Joana resolveu passear pela floresta. Ela então viu uma planta engraçada na beira do rio. Nunca tinha visto, mas achou demais e resolveu experimentar aquela planta maluca. Joana ficou ligada. A sua vista ficou vermelha e ouviu zumbidos na orelha. Aquela sensação era melhor do que sentira no dia em que batera seu recorde de giros no girassol (1 milhão de giros seguidos). Depois de ter passado o efeito, Joana foi para casa. Naquela noite não conseguiu dormir só pensando em quando voltaria no rio para comer mais daquela planta. Depois de alguns dias indo no rio, Joana passou a não voltar mais para casa. Toda vez que via seus pais, o encontro resultava em brigas. Suas bolinhas já não apareciam mais, suas cores estavam apagadas. Joana não sabia o que fazer.

Um dia, Joana, que já não tinha mais forças para andar, resolveu ir de ônibus até a beira do rio. A viagem era mais longa, mas assim, Joana poupava esforço. Depois de três minutos de viagem, entra no veículo um cara estranho. Ele usava o que parecia ser um uniforme azul e trazia grudada na barriga uma ponchete cheia de canetas. Cumprimentou algumas pessoas que logo responderam: “- Fala mano. Beleza Sapo Boi Azul?!”. Joana ficou observando o tal sapo que era um sapo muito diferente e se posicionou na frente do ônibus e começou a falar para todos que estavam sentados.

- Bom dia animais. Desculpe atrapalhar o silêncio de sua viagem. Agradeço a compreensão de todos. Mas estou aqui para contar a vocês minha história de vida. Meu nome é Sapo Boi Azul e sou um ex-viciado da plantinha da beira do rio. Eu fiz muitas coisas ruins na vida, perdi minha família e trabalho por causa das drogas. Mas agora encontrei o Rei da Selva e estou livre e estou aqui para falar isso para vocês. Eu poderia ta matando, ta roubando, ta seqüestrando sua mãe, mas estou aqui pedindo a colaboração de vocês para que este trabalho não pare aqui e que outros irmãos possam ser salvos. Só com a colaboração de um real por essa caneta você estará ajudando a casa de recuperação Beladona manter viva muitas famílias dos animais do canteiro dos polinizadores.

Aquelas palavras soaram como canto de Uirapuru e logo Joana percebeu que era essa a sua salvação.Ela ficou deslumbrada com cada palavra. Correu até o sapo e pediu que ele a levasse junto para aquela casa. O sapo pestanejou, mas levou Joana até a tal instituição. Durante o caminho até a tal casa, Joana ia sonhando com o dia que estaria curada. Pensava em sua mãe decorando a flor de laranjeira e o pai esperando-a para brincar.

Chegando à Instituição Beladona a joaninha levou um susto. Abriu a porta e viu vários arbustos. A toupeira, gerente da casa, dava uma festa para a floresta toda, não só o canteiro. Tava a preguiça, a pantera, o macaco, toda a galera. A hiena ria feito doida e a zebra já estava se vendo toda colorida. Joana não viu outra saída, com tantas plantinhas que tinha lá dava para ela ir parar no guinness book. Era planta da beira do rio, a tulipa, a papoula... Joana então cumprimentou a todos: “Olá, meu nome é Joana! Vim aqui para ficar curada”.

E responderam: “Olá, Maria Joana!” E todos ficaram apontando para Maria Joana e riram bastante. Ela então sentiu uma sensação muito diferente. Ela ria junto com todos, mas ao mesmo tempo ficou sentindo lá no fundo uma pontinha de vergonha e arrependimento. Ficaram chamando ela o tempo todo de Maria Joana, Maria Joana, Marijoana, Marijuana... Até que ela olhou bem para todos e viu que tinha sido enganada. O olho do Sapo Boi Azul foi ficando maior e ele tinha uma língua grande, bem grande. Foi quando Joana descobriu porque aquele sapo era tão estranho. O camaleão se camuflara para que todos fossem na festa da floresta e desse dinheiro para eles.

Joana então saiu de lá voando o mais rápido que pode. Voou muito tempo e quase dois minutos depois chegou perto da macieira, vizinha do condomínio das folhas de amora.
Depois daquela dia, Joana ficou de molho na água das folhas que acumulavam com o sereno, tomou água de chuva, respirou vento da asa do beija flor e a saudade tomou conta do seu coraçãozinho.

Ela, então, foi escondida de folha em folha e viu seu pai e sua mãe conversando juntos sobre a filha. Ela voou rápido em direção a eles e voltou a ter a vida de antes ora na casa da mãe, ora na casa do pai.

Brincar era o melhor remédio. Brincar ao lado de sua família era a cura. Tudo muito bonito, colorido e para sempre. Um dia Joana estava voando perto da beira do rio e o vento trouxe um grão de pólen colorido para perto dela...

2 comentários:

  1. mucho lokoooo! xD
    fê, vc nunca mais comento no meu blog, ele tá tão ´sozinho abandonado ;_;
    passa la , fiz um lauyout novo :D

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  2. Que linda história ...me deu até um dor no peito de qdo terminou...acho q é saudades da Joana!! Parabéns Naiza e Fernando.

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