segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os melhores do cinema nacional

A arte da vida na arte de Laís Bodansky

por Fernando Gil Paiva


Tudo na escola é gravado, documentado e “enquetizado” em blogs na Internet. Isso é uma das coisas que acontecem. Todas as pessoas são alvo de discussão e exclusão desde que não pertençam ao grupo dos regularmente bem vestidos e sociáveis. Outra coisa. A família forte pode ficar igualmente fraca e tudo que parece acontecer só com os outros, passa a acontecer com você. Parece que a adolescência é mesmo um período suscetível de mudanças e passar essa fase é, para a maioria dos jovens, um fogo cruzado contra tudo o que lhes é imposto.


Laís Bodansky
O recém lançado “As melhores coisas do mundo”, de Laís Bodansky é a síntese das melhores e piores coisas que existem no mundo dos adolescentes do século XXI. A diretora de “Bicho de Sete Cabeças” e “Chega de Saudade” foi em escolas e lugares freqüentados por jovens para encontrar os pontos chaves do enredo e, de quebra, trouxe vários deles para o filme.
O roteiro de Luiz Bolognesi, baseado na série de livros “Mano”, de Heloisa Pietro e Gilberto Dimenstein conta a história de Mano, de 15 anos. Nesse período de sua vida, tudo parece acontecer ao mesmo tempo, desde as melhores coisas como a aula de violão para conquistar uma menina até as piores coisas como a separação dos pais. Laís argumenta ricamente seu roteiro sem deixar que nada fique em excesso. Ela trata de temas como o bullying (exclusão e preconceito consciente com outros jovens, seja na escola ou na internet) e que não são só praticados pelo estereótipo clássico e maniqueísta de bom e mau. Todos podem, mesmo que seguidos por arrependimento, ser autor e vítima de todo o fogo cruzado da guerra entre jovens.

Para os “soldados da batalha”, o argumento é a identificação imediata seja para qual tema for – e é possível ainda que você se identifique com todos os assuntos. Para os soldados desligados, os que já passaram dessa fase, a guerra pode parecer mais cruel do que em tempos passados. Os soldados com armas de fogo mais especializadas e o campo preparado de armadilhas para o primeiro inocente que cair.

Laís fala de tudo isso com uma linguagem muito simples e universal. Não é um filme para jovens e está longe de ser um filme só sobre jovens. É um grande emaranhado que não prega o certo ou o errado, o bom ou o mau, o legal ou o insosso. “As melhores coisas do mundo” é mais que um dueto de temas relevantes, é uma orquestra da ação e da reflexão que mostra como cada assunto pode ou não interferir na vida, seja você jovem ou adulto, que está inserido numa escola ou não. Afinal, as barreiras físicas da escola não terminam junto com as barreiras comportamentais, que são levadas com cada aluno para todos os outros lugares.
O filme está em cartaz nos cinemas nacionais. Não dá pra perder!

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