terça-feira, 19 de maio de 2009

A ÁRVORE DA VIDA

por Fernando Gil Paiva



Imagem do Filme "A Fonte da Vida", de Darren Aronofsky.

São poucos os casos em que se consegue dizer, veementemente, que já se viu 100% da obra de um autor. Já Mr. Joerke, “o subjetivo”, pode dizer isso, e eu apenas 50% em se tratando do diretor de cinema Terrence Malick, que em sua longa carreira produziu quatro pedaços de bom caminho.

Terra de Ninguém (1973), Cinzas no Paraíso (1978), Além da Linha Vermelha (1998) e O Novo Mundo (2005) foram seus quatro longas. Pode-se ver os grandes intervalos entre um e outro chegando a 20 anos. Os dois últimos, posso garantir, são – de modo sublime – tocantes. Mas já aviso que ser tocante é também fator de risco, pode se tocar pelo extremo acionário e / ou pelo extremo da calmaria. Segunda opção para Malick. Seus longos filmes, belas epopéias, tem a durabilidade que se traduz por um conhecimento coeso, também definido por seu novo trabalho, que ficará pronto em 2010, depois de cinco anos de pausa. O nome da nova obra - A ÁRVORE DA VIDA...

Então, falando de árvores da vida e árvores de vida, nada mais forte do que argumentar com sua vitalidade. Fui questionado sobre quem seria o ser vivo mais velho do planeta? Logo deduzi que não seria animal, mas sim, vegetal. Dois mil anos soaram muito para mim e eu logo me lembrei de uma árvore de Jerusalém que resiste desde tempos antes de Cristo.
Mas daí começaram a aparecer o que meu primo colocou como deuses – as árvores milenares que resistem de forma quase inacreditável. Então, esses dois mil anos só foram ficando cada vez mais jovens pertos das senhoras distintas de 5 mil, 7 mil e 9.550 anos! (Foto abaixo). A pequena notável, com tronco de 4 metros de altura, além das raízes intactas, soa até como piada quando dizemos que este é o exemplar mais longevo do planeta.

Mudanças climáticas bruscas, surpresas no tempo, testemunhos de civilizações e indivíduos, milhares deles, que sucumbiram a seus pés, às suas sombras num ocaso inesperado, numa ingenuidade e numa ignorância para com o ser que ali se encontrava. Vidas que ali cruzaram, olhares que hesitaram, intervalos de vistas, tempos de ausência, solidão, isolamento e resistência.

Há 9.550 anos, algo ocorreu e fez com que uma semente fosse sacrificada para dar origem ao seu fruto. A célula se fixou como vida e ficou. São poucos os casos em que se consegue dizer, veementemente, que já se viu 100% da obra de um autor. Pode-se ver uma árvore e ter a falsa consciência da completude, do absoluto. Não se vê nem 50% do que se é. A árvore sueca resiste na Terra de Ninguém, trocou suas cascas como uma cobra troca sua pele, ficou como Cinzas no Paraíso, paraíso de vitalidade. Nesses intervalos de tempo, soou como se não ousassem ultrapassar as linhas, não passaram Além da Linha Vermelha que a protegia de um golpe certeiro para a morte ou por fungo ou bactéria mortal. E a cada ato de renovação, o sentimento d’O Novo Mundo, um novo mundo para uma Árvore da Vida. Uma deusa, um deus.

3 comentários:

  1. heeheh muito bom.. os deuses do mundo pagão.
    (alias gostei muito dakele filme da primeira imagem, A Fonte da Vida) e o título desse que está por vir "A Arvore da Vida" também é atraente...

    mas em geral somos todos assim. existe muito mais sob a casca dura que não pode ser visto, a não ser com bastante esforço.

    abraço
    cledinho.

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  2. Fernando do céu! Amei. Sério! Li em 10 minutos uns 5 posts (desses pequenos ¬¬) teus! HAHAAHA! Sem arrependimentos... muito bons mesmo! Beeeijo, até amanhã :*

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  3. fê diz, "eu gostei do post de ontem, lê ele" ok...
    e a primeira imagem q eu vejo: a do filme que eu não gosto! xD
    ok, não é que eu não goste, só não aprecio tanto quanto o fernando e outras muitas pessoas apreciam...
    dae eu começo a ler e lá está nosso sr subjetivo (vc falou pra ele desse post)

    seu post otimo como sempre
    tmb
    adorei a frase do comentario ae de cima
    "existe muito mais sob a casca dura que não pode ser visto, a não ser com bastante esforço."

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