segunda-feira, 11 de maio de 2009

Quem foi?

Até parece que não lembra!
por Fernando Gil Paiva


Depois de ter visto o documentário produzido para mostrar o processo de elaboração da turnê de Marisa Monte, Infinito Ao Meu Redor, assimilei melhor ainda algumas daquelas palavras que, em tão bela amarração, faziam muito mais que um barulhinho bom... Depois, é como a primeira consequência visível do descobrimento. Nós, ou passamos a ver aquelas palavras em vários lugares, ou prestamos muito mais atenção em busca das palavras que passaremos a ver nesses vários lugares.

A multiplicação das fontes musicais pelo meio da digitalização e virtualização fez com que dentro do yocto (a menor unidade de medida) estivesse toda a possibilidade do yotta (a maior). Um fragmento musicado é facilmente transportado para qualquer lugar que seja. O homem que chega solitário ao pico da montanha, não está sozinho senão com o seu lugar de origem quando faz ressoar a musica tocada, cantada, que é tão mais próxima que sua própria distância para com a montanha. Ele está em casa. A casa está nele.

Mas o que são as distâncias ou as medidas senão rituais do distanciamento? Do longe para o perto, do pequeno ao micro ao macro.

“A música é um meio de transporte e assim como me leva para o outro lado do mundo, também me traz de volta para casa em segundos”. Marisa Monte.

Toque a música da aproximação.
Volte ao lar que te abraça.

“Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Deixa o coração
Ter a mania de insistir em ser feliz
Se o amor é o corte e a cicatriz
Pra quê tanto medo
Se esse é o nosso jeito de culpar o desejo”

E se juntar o que está separado
Ou separar aquilo do que estava junto é fator
De incoerência ou falta de coesão de um lado
Do outro é nada mais que a perfeita reação
De dois compostos que estavam tão perto, tão longe, tão longe tão perto.
Que Aconteceu.

Mais uma pra buscar no mundo...

“Ela que descobriu o mundo / E sabe vê-lo do ângulo mais bonito / Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes / Sente e vive intensamente / Aprende e continua aprendiz / Ensina muito e reboca os maiores amigos / Faz dança, cozinha, se balança na rede / E adormece em frente à bela vista / Despreocupa-se e pensa no essencial / Dorme e acorda / Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana / Fala inglês e canta em inglês / Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus / E lava os cabelos com shampoos diferentes / Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa / E corre quando quer / Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano / E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga / Tem computador e rede, rede para dois / Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão / Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs / Vai ao teatro, mas prefere cinema / Sabe espantar o tédio / Cortar cabelo e nadar no mar / Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda / Estou com saudades e penso tanto em você / Despreocupa-se e pensa no essencial / Dorme e acorda”


E pra mais pensar.
Pra pensar mais quem foi...
Pra voltar pra ficar
Até que parece que não sabe!

Um comentário: