sexta-feira, 1 de maio de 2009

O pequeno de muitas qualidades
por Fernando Gil Paiva

Meryl Streep como Kate Mundy

Quando assisti pela primeira vez (ontem) ao filme A dança das Paixões (1998), ou traduzido literalmente – Dançando no Lughnasa – percebi logo que se tratava um filme rico em simplicidades. Dos atos, dos costumes e do modo como a vida era vista por homens e mulheres na Irlanda da década de trinta quando ainda tinha latente a memória da primeira grande guerra mundial.

A família ou o que restara dela se resumia as cinco irmãs Mundy. Eram elas Kate, Agnes, Rose, Maggie e Christina. A mais velha, Kate (Meryl Streep), trazia consigo o fardo da responsabilidade de sustentação nos tempos difíceis de recessão. Era a professora que os alunos “adoravam” e nomearam de gansa, não por afeição, é lógico. A chatice e as obrigações eram suas maiores carapaças, o casulo que enterrara todas as suas vontades e que os anos foram apenas suprimindo. A gansa que protegia seus filhotes.


Imagem do filme

Nesse tempo, retorna depois de vinte e cinco anos seu irmão Jack, o único e mais velho de todos. Entretanto, sua presença continua uma ausência para elas. Em sua família recomposta, ele fica na posição de contra peso da balança de Kate. A sensibilidade alterada do irmão e as constantes perdas de memória levam a crer que aquele lugar não era um ponto de reencontro, mas sim um lugar a se redescobrir. De um lado estava o bobo Jack e do outro a severa Kate.

A vida das irmãs segue a rotina dos amores, dos coseres, do som do rádio que funcionava de vez em quando, das pequenas vontades, como a da dança e de festivais locais de culto e celebração como o Lughnasa. Lugh, o deus Celta que significa “luz” ou “brilhante”. Na Irlanda, especificamente, o nome de Lugh tem mais conhecimento e interpretação como sendo “O pequeno de muitas qualidades”.

Assim, o filme de Pat O'Connor também é o próprio deus Lugh, pois consegue carregar numa história cheia de emoções a vida árdua dessas cinco mulheres que lutam, individualmente, por romper casulos menores ou longas barreiras de contravenção a si mesmo impostas.

Fala de Kate Mundy à sua irmã Maggie: Você faz seu serviço com vigor, você tenta manter as coisas juntas, mas, de repente, descobre que as rachaduras estão se formando em toda parte. Está tudo prestes a entrar em colapso, Maggie.


Pôster do Filme

Um comentário:

  1. Mery Streep! Que doce mulher, KATE MUNDY de carater inabalável e amor incondicional a sua familia. Mais um exemplo de mulher guerreira !

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