segunda-feira, 4 de maio de 2009

Parte II - Tributo Frida Kahlo - A Coluna Quebrada

Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei se fico ou passo.
[...]

Cecília Meireles

por Fernando Gil Paiva


Versos da Coluna Quebrada

Na brincadeira das estátuas arrisco ganhar
Se for das mais delicadas, é certeza que levo!
Se dou um passo, descompasso
Se me curvo, não relevo, revelo, velo!

Sou delicada com o choro
Cada gota que cai dos olhos
Evita a rota do remendo que tem,
Por consequência
O ferro da alma, do prego que não pode
Por lei e por vida, a fim de mantê-la,
Ser oxidado.

Minha vida é um corpo aberto
Todos me podem ver assim como sou
Uma peça de grosseira carpintaria
Sem sequer ter chave ou fechadura
Primeiro – por que não tenho corpo fechado
Segundo – por que tal sistema aqui não é passível
Não sou o tipo de enzima que se conecta
Sou o átomo que num átimo se repele
Eu nunca toco, eu sempre toco

Para o deserto que me guio
Deixo o passo efêmero na areia movediça
A Frida que vai não é a Frida que volta
Já não sou a mesma Frida, que Frida?

Vou à química da existência
E a coluna supersaturada
Aguarda para decantar
E cair na cama que virá
Com função de aparo ao corpo
Então espero, querendo sem querer...
Para ver a partida da partida (eu) e
- Minha fragmentada existência.

2 comentários:

  1. Cecilia e Frida! Que ousadia dessa artista de palavras que capta os sentimentos mais profundos...Frida escancara com seu modo de viver...QUEBRANDO PRECONCEITOS na vida e na arte! E viva as essas duas mulheres!! Bjsss

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  2. Nando parabéns!! Você brinca com as palavras com tanta sapiência que se faz de camelão no meio delas!! 10!!!

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