domingo, 12 de abril de 2009

Brilho Eterno de um Domínio Individualizante

por Fernando Gil Paiva

Por mais que cada grupo de seres, famílias nucleares, sociedades tenham se tornado individualizantes... Por mais que os estudos da física quântica apontem que uma célula, com suas cargas na eletrosfera e as diferenças de tal para qual, nunca irá tocar outra, ou seja, que nunca nada toca nada...

É possível mostrar que existe uma precisão no universo que também faz com que você nunca esteja sozinho. Uma formiga solitária, pequena e – para muitos – insignificante, exerce seu domínio naquilo que ela pertence. Ela será daquilo que sua existência lhe induz ser.


Foto de Fernando Gil Paiva

O que é a sombra senão o próprio que vai em duplicidade? Ou nos vidros, espelhos e metais os reflexos que projetam seu eu? Mas então vem a questão – que tal estar trancado onde não há reflexos e mergulhado na penumbra sem que sua sombra se prontifique? Por isso, Ernest Hemingway, soube prever tal individualização e disse que...

“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Fernando Pessoa disse a célebre frase: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Então, dentro da imprecisão da vida, Clarice Lispector apenas nos colocou a precisão da existência.

Precisão
O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

Percebe-se que tantos buscaram e outros tantos ainda buscam formas de explicação para as mais diversas lacunas existentes na vida (e isso inclui a morte). Precisar ou não precisar, ser ou não ser preciso... é tudo uma questão de equilíbrio. Ou de ponderação. Cada um com seu limite toca até onde vai o que lhe é suportável. Um grupo é uma trama, mas a formiga solitária continua sendo uma formiga desgarrada de uma trama, continua exercendo seu domínio no domínio maior que faz parte - a da sua sociedade e pode tocar aqueles que convive, mesmo que nunca os toque fisicamente.

Cordas

Em 2008, James Marsh concluiu o documentário Man On Wire (O Equilibrista), que fala sobre travessias – uma travessia especificamente.
Em 1974, quando as Torres Gêmeas, em Nova York, haviam sido recém-inauguradas, um homem cometeu ali um crime. Para muitos, "o maior crime artístico do século". O nome do criminoso era Philippe Petit, que de forma ousada, arriscada e perigosa subiu ao topo de um dos edifícios mais altos de Manhattan para atravessar de um prédio ao outro equilibrando-se num cabo de aço. Este documentário mostra cenas reais da época, misturando atores reencenando todo o plano arquitetado por Philippe Petit. A produção ganhou o Oscar 2009 de Melhor Documentário.

Poster do Documentário

2 comentários:


  1. que foto linda da formiguinha xD
    adorei o texto mto bom!
    aquele trecho q vc colocou do Ernest Hemingway
    ja ouvi em algum lugar, vc ja usou em outro trabalho seu, não?
    foi no do flash? o.o

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  2. Os questionamentos aparecem para trazer soluções ...ou nos encher de dúvidas?
    Depois do filme do Fellini(A DOCE VIDA)e O brilho eterno de um dominio individualizante! SÓ ME RESTA DIZER! Muito obrigada ! E viva a vida!!!Com formigas e fotos lindas! Procurando equilibrar ...porque amanhã vai ser um novo dia! te amo

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