segunda-feira, 13 de abril de 2009

A luta amorosa de Poliphilo em um sonho

por Fernando Gil Paiva

Esse diferente título veio novamente ao meu universo hoje. Numa apresentação de seminário sobre tipografia tudo começou aparentemente bem e normal. O nome de Aldus Manutius soava com a mesma força de um Gutenberg naquele momento, mas logo viria algo que eu já ouvira falar e lera no passado. Era ele, o código dos cógidos, o indecifrável mais desejado da Renascença Italiana e o objeto de estudo de milhares de seguidores no mundo.

O “Hypnerotomachia Poliphili, ubi humana omnia non nisi somnium esse ostendit, atque obiter plurima scitu sanequam digna commemorat”, mais conhecido por seus dois primeiros nomes “Hypnerotomachia Poliphili”, ou numa versão traduzida “A luta amorosa de Poliphilo em um sonho”.

Aldus não participou na elaboração do livro, no que compete à escrita, mas sim em como a escrita seria passada para o papel e como, com qual fonte e de que modo tipográfico. A edição do Hypnerotomachia foi considerado o primeiro Livro Moderno contendo caracteres romanos e em parte gregos, suas ilustrações em preto e branco, além de ser escrito em latim, grego, hebraico, ábare e também em hieóglifos.

A autoria do livro em si é o grande mistério, apesar de que se acredita que tenha sido o monge dominicano Francesco Collona, por dois fortes motivos: o primeiro deles é que o monge teria pedido um empréstimo para a publicação do livro por volta de 1500. Como disse, o livro já é um grande desafio só por existir e o segundo motivo reside no fato de que as iniciais de cada capítulo formam a seguinte frase: Poliam frater Franciscvs Colomno peramavi, que traduzido do latim fica irmão Francisco Colono amava Polia intensamente. Isso ainda faz com que creiam que ele seja o idealizador da obra.

Como conhecer o Hypnerotomachia ou como ter mais noções sobre ele?

Foi ao ler o livro “O Enigma do Quatro”, de Ian Caldwell e Dustin Thomason, que narrava a história de universitários que tinham o misterioso livro como foco de estudo, que cheguei ao conhecimento de tal ebulição erudita. O livro traz curiosidades interessantes sobre o que se conseguiu decifrar até então... Mas esse decifrar ainda parece um tanto abstrato. A verdade é que o livro foi escrito em circunstancia tal que não poderia ser lido com a mensagem original, então isso faz do livro a fotografia e também seu negativo (secreto, entretanto), pois o leitor que traduz a obra do latim poderá deslumbrar-se com o:

“jovem Poliphilo que, dentro de um sonho, procura sua amada, a ninfa Polia. Para alcançar seu destino, ele precisa passar por misteriosas florestas, cidades e labirintos, presenciando todo tipo de cena bizarra e deparando com deuses, ninfas e outros seres mitológicos e arcades”.

Em seguida, a constante fragmentação do texto, a literal dissecação das palavras mostrava, por códigos sem padrão e inigualáveis em dificuldade, segundas, terceiras e quartas histórias por trás de um já denso embrulho de fino presente. Tanto o é que a partir disso conseguiram chegar a uma das suposições da autoria – a de Collona.

Outra curiosidade, 0que foi narrada na Itália dos 1500, tratava-se a respeito de como objetos de valor ou de extrema confiança eram entregues para seus destinatários por seus entregadores, fiéis ou infiéis, mas nunca confiáveis. Dito isso, envelopes, por exemplo, eram selados não com uma cera simples, mas com uma cera negra. Essas continham em sua mistura a erva Bella Dona que as mulheres usavam para dilatar suas pupilas (já que grandes pupilas eram sinônimo de beleza). O encarregado de levar o pacote guardava em seu corpo o próprio argumento da culpa. Quando o destinatário recebia o pacote e olhava nas pupilas do entregador, saberia de imediato a resposta. Confirmada a traição, confirmada a execução.

Mas essa seria apenas uma introdução para a escuridão renascentista na Itália. O livro traz uma narração interessante, bastante curiosa, entretanto afoita em suas conclusões. Mas o Hypnerotomachia vale como argumento de leitura ou, simplesmente, de pesquisa, caso não queira ler o livro, que diferentemente da relíquia, é de fácil acesso.

3 comentários:

  1. Esse não é qualquer texto É O TEXTO! Latim!! DIFÍCIL!! qdo crescer quero ser com vc! rsrsr

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  2. vindo de você sei q o texto é maravilhoso, mas ele é tão grande
    li só a primeira parte - que vai ate a 1º figura :p
    kkk
    mas eu te adorooo ;D

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  3. eu amei isso isso e muito relativo ao qUE EU SINTO

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